Após alegações infundadas de Trump durante o debate, migrantes haitianos enfrentam ameaças crescentes e o FBI investiga a situação em Ohio.
As palavras têm consequências, especialmente quando pronunciadas por figuras públicas com grande visibilidade. Recentemente, os migrantes haitianos que vivem em Springfield, Ohio, começaram a enfrentar ameaças após declarações feitas por Donald Trump durante um debate televisivo com Kamala Harris. O ex-presidente, atualmente candidato republicano à presidência, afirmou que os haitianos "comem cães e gatos" nos Estados Unidos, sem apresentar qualquer evidência para sustentar essa acusação.
A repercussão dessas afirmações infundadas foi imediata e perigosa. Após o debate, surgiram ameaças de violência contra os migrantes haitianos na cidade, levando uma escola local a suspender as aulas e fechar o campus por motivos de segurança. Springfield abriga cerca de 15 mil migrantes haitianos, a maioria deles vivendo legalmente no país.
As ameaças se intensificaram, incluindo e-mails anônimos enviados à Universidade de Wittenberg, forçando o cancelamento de todos os eventos agendados. Estudantes, professores e funcionários foram orientados a ter cautela no campus, em um clima de medo alimentado por informações não comprovadas.
O FBI já está investigando as ameaças, que também surgiram em outras universidades e locais da cidade, após Trump e seu companheiro de chapa, o senador JD Vance, reforçarem as declarações no debate. A falsa alegação de que migrantes haitianos estariam consumindo cães e gatos dos residentes locais gerou uma onda de pânico e preconceito, colocando em risco a segurança dessas comunidades.
Em 15 de setembro, Trump prometeu deportar todos os migrantes "que comem cães e gatos americanos" de Ohio, apesar de não haver nenhuma evidência que sustente tal prática entre os migrantes haitianos. Esse tipo de retórica não apenas perpetua estereótipos prejudiciais, mas também incita o ódio e a discriminação, resultando em consequências reais e perigosas para indivíduos e famílias que vivem legalmente no país. A Voz da América escreveu sobre isso
Este episódio revela a seriedade de se fazer declarações públicas que não podem ser comprovadas. Quando líderes fazem afirmações falsas e inflamadas, o impacto pode ser devastador, principalmente para comunidades vulneráveis. Em vez de promover o diálogo e a compreensão, declarações infundadas alimentam o medo, o preconceito e a violência. O caso dos migrantes haitianos em Springfield é um exemplo alarmante do perigo de retóricas sem base factual, que podem transformar palavras em armas contra inocentes.
O mais alarmante é que a maioria dos 15 mil migrantes haitianos que vivem em Springfield está legalmente nos Estados Unidos, trabalhando e contribuindo para a economia local. No entanto, as declarações de Trump aumentam a desinformação e instigam a intolerância, colocando em risco a integridade dessas pessoas. A retórica de que esses migrantes devem ser deportados, mesmo sem provas de qualquer crime ou comportamento impróprio, expõe uma tentativa de desviar a atenção para um discurso de medo e preconceito. Esse tipo de abordagem, sem fundamento, pode ter consequências duradouras, não apenas para as comunidades afetadas, mas também para o tecido social do país.